segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

África muito além dos Safáris


Esse meu artigo foi publicado também no site Gestão do Luxo. Clique AQUI.
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Já foi o tempo em que safári era uma expedição de caça na África central e sul. Nessa época, grupos de caçadores se embrenhavam pelas florestas africanas por vários dias com carregadores nativos transportando seus equipamentos e suprimentos.

Hoje em dia, safáris são passeios em carro aberto para observar animais selvagens em reservas ou parques. A África possui inúmeras reservas que podem ser visitadas ao estilo safári, como Quênia, Tanzânia, Zâmbia, Zimbábue, Botsuana, Namíbia e África do Sul.

Mas os safáris estão indo além, oferecendo aos turistas mais exigentes inúmeros momentos inesquecíveis e consagrando as savanas africanas no topo do turismo de luxo.

Afinal, pode ser que uma cena espetacular dure trinta segundos e nunca mais você veja algo parecido na vida, mesmo que faça outras centenas de passeios como esse.

Além disso, o luxo na África do Sul é levado a sério e o hóspede realmente faz o que quer.
Os lodges mais luxuosos chamam safári de game drive. Game vem de caça (é como se designam os animais a serem caçados) e drive é porque o safári é feito em land rovers abertas, com os bancos em degraus – a última fileira fica mais no alto e a primeira quase na altura do motorista, que é o ranger (guia do safári). Além do ranger, acompanha o safári o tracker, rastreador de pegadas e outros sinais que os animais deixam.

Fonte: www.concierge.com

Um dia de verão na África do Sul tem média de 48 graus, com picos de 50 graus. Isso quer dizer que os hotéis oferecem muito o que fazer entre um safári e outro. A gastronomia é de alto padrão e os spas e piscinas surpreendentes, com design e serviços acima do padrão.

Também há passeios alternativos para as comunidades locais, onde é possível experimentar comidas típicas, comprar artesanato, ouvir histórias e conhecer mais sobre esse povo acolhedor e simpático. 

As opções de hospedagem são muitas. Para validar a escolha, todo o ano acontece o Safari Awards, que premia os melhores do ano. Em 2011, o grande vencedor foi Chiawa Camp, localizado na Zâmbia.

Suíte do Chiawa Camp.

Passeio dos hóspedes no barco particular do Chiawa Camp.

Na categoria de acampamentos, meio de hospedagem tradicional das savanas, o Explore Gorongosa National Park de Moçambique ganhou como melhor do ano. E não é para menos. O Gorongosa oferece muito linho, chuveiro quente, camas king size, safáris imperdíveis e excelente gastronomia, tudo sem deixar de lado suas aconchegantes tendas.
 
“Suíte” do Explore Gorongosa.

Mas não é preciso procurar hotéis premiados para usufruir dos encantos e recantos extremamente sofisticados da África. A vantagem dos safáris é justamente contar com hotéis e pousadas que não medem esforços para superar as expectativas dos hóspedes.

O Singita Kruger National Park, por exemplo, conta com 33 mil acres de natureza preservada. Já o Singita Lebombo, parte da sofisticada rede Singita de lodges, é o lugar perfeito para quem quer conhecer de perto a fauna e a flora africana, mas não abre mão do conforto e da mais nova tendência em hospedagem, o eco hedonismo.

Singita Lebombo Camp Sweni 

Os safáris também se tornaram a sensação entre os destinos de lua de mel. Essa cena já faz parte do imaginário de muitos casais: jantar ao ar livre, à luz de velas, em plena savana africana, o melhor vinho do país sendo servido, um chef de cozinha inteiramente à disposição, animais rondando o ambiente e devidamente afastados pelos rangers, gastronomia impecável e, se for o aniversário de um deles, um grupo de africanas lindamente vestidas com roupas típicas cantando parabéns na língua local. Luxo e romance em um momento inesquecível.


E realmente os lodges africanos podem surpreender qualquer um. Onde mais seria possível ver uma cena assim?


Surpresas dos Singita lodges.

Como o recomendado é conhecer pelo menos 2 lodges por viagem (com possibilidade de
fazer três a quatro safáris por lodge), é interessante sair da região mais montanhosa do
Singita Lebombo, no Kruger, e conhecer a savana por uma outra perspectiva. Na região
mais plana é possível encontrar o Singita Ebony, em Sabi Sands.

As cores do Singita Ebony, em Sabi Sands.

Já no Quênia, o Elsa´s Kopje Private House é um oásis mergulhado nas planícies do Meru National Park.


Suítes abertas e madeiras locais compõem o ambiente luxuoso e inesperado do Elsa.

Por último, o Serengeti, mais antigo e popular parque da Tanzânia. Além de várias espécies realizando movimentos migratórios ao longo do ano, suas planícies se estendem por mais de 14 mil km² de parque. Por aqui, é possível encontrar lodges incrivelmente refinados.
Suíte do Elsa´s Kopje Private House

Serengeti Under Canvas da rede  and Beyond. Fonte: www.andbeyondafrica.com.
Suíte do Bilila Lodge Serengeti, da rede Kempinski.


Piscina do Bilila Lodge Serengeti.


É difícil sair impassível de um safári africano. A África está pronta para oferecer momentos memoráveis... muito além dos safáris.
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Veja o vídeo do Sabi Sabi Luxury Safari Lodges e começe a planejar a próxima viagem:

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Roomkey, uma porta que se abre

Esse meu artigo foi publicado noo Hôtelier News. Clique AQUI.
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No Brasil, o assunto quase passou desapercebido e as notas na imprensa foram breves no início do ano. Entretanto, nos Estados Unidos, o mundo das viagens está pegando fogo.

Como o mercado de viagens lá está alguns anos (ou muitos) à frente em termos de Revenue Management e Distribuição, é importante nos mantermos atualizados para aprender com seus erros e acertos para quando as coisas começarem a pipocar em terras brasileiras.

O assunto do momento é (e vai permanecer por um bom tempo) a obsessão dos hoteleiros americanos em se desvenciliar da dependência das OTAs (On-line Travel Agencies). E a iniciativa vem de encontro a vários movimentos que vamos presenciar daqui para frente. Independente de ser um super sucesso ou mais uma tentativa, fico muito feliz com a visão de negócio desses hoteleiros. Portanto, não poderia deixar de comentar um pouco mais sobre o Roomkey (não deixe de visitar o site).

Sob o slogan Search, Book, Relax (Busque, Reserve, Relaxe), seis redes hoteleiras uniram forças e lançaram, em 11 de janeiro último, o Roomkey.com, novo motor de pesquisa para clientes que procuram hotéis. A joint venture foi idealizada pelas seis maiores cadeias hoteleiras dos EUA: Choice Hotels International, Hilton Worldwide, Hyatt Hotels CorporationInterContinental Hotels Group (maior do mundo em número de apartamentos), Marriott InternationalWyndham Hotel Group (maior do mundo em número de hotéis). Eles são os co-proprietários do site que remove os agentes de viagens on-line a partir do processo de reserva e envia os hóspedes diretamente para as homepages dos próprios hotéis para efetuarem o pagamento.

Mas em um mundo abarrotado de sites de viagens, como o Roomkey vai se destacar?

Economistas subestimam o impacto do projeto na indústria de viagens, Expedia e cia. não gostaram nem um pouco, e os hoteleiros se dividem entre extrema confiança no projeto (43,75%) e os que são contra, alegando que é só mais um custo para os hotéis (37,50%).


Mas uma coisa é certa...a ideia é SENSACIONAL!

Bem, algumas coisas são indiscutíveis: o site é muito bem feito, o design é limpo, é menos utilitário e mais convidativo do que os sites das OTAs e consolidadoras. E, mesmo com um mercado menor e recém-chegado, já dispõe de 23 mil hotéis, avaliações de hotéis independentes e compartilhamento de planos de viagem.

Condordo, isso não é nada comparado ao portfólio das grandes OTAs. Em New York, por exemplo, o Roomkey oferece 23 hotéis, enquanto o Expedia vende 532 e o Booking.com, 390. Especialistas que não acreditam no conceito citam suas razões:

- Tentativas fracassadas no passado, como a Travelweb, criada há dez anos, que acabou comprada pela Priceline.com;
- Foco em grandes redes, sem força em outras regiões do mundo, dominadas pela hotelaria independente (grande força das gigantes OTAs);
- Para obter sucesso, os hoteleiros precisarão estar muito comprometidos e investir grandes quantias em marketing. Será que as redes vão tirar dinheiro do budget dos seus hotéis para colocarem no Roomkey?;
- Expedia tem contratos de longo prazo com a maioria das redes fundadoras. Se uma resolver limitar o inventário, outra pode tirar vantagem;
- Não pode ser comparado com um Orbitz (fundado por cinco grandes companhias aéreas dos EUA). A indústria hoteleira é muito mais fragmentada do que a aérea.
Mas vamos aos otimistas:
- Pelo menos nos EUA, a ameaça às gigantes OTAs é maior. 35% a 40% do volume do Expedia provém de hotéis domésticos, assim como 15% a 20% do Booking.com, que pode ver sua participação de mercado (market share) despencar;
- Estima-se que essa estratégia alcance 13 milhões de visitantes únicos no site, mais do que o tráfego das OTAs;
- O CEO John F. Davis III, também fundador da Pegasus em 2000, afirma: "O custo está mais alinhado com a homepage dos hotéis do que com as OTAs". Mas isso ainda será confirmado no futuro, quando será possível avaliar o retorno sobre investimento;
- O melhor de dois mundos - permite que clientes vejam opções de hospedagem agrupadas em um mesmo lugar e concede margens maiores aos hoteleiros.

E ainda existem muitas dúvidas:
- Todos os GDSs vão poder participar?
- Os fundadores vão coletar os lucros no final das transações? Se sim, como vão dividir entre eles e negociar com os futuros franqueados?
- OTAs vão poder entrar como parceiras?

Independente disso, o fato é que o Roomkey é uma fonte confiável que se alimenta das informações das homepages dos hotéis e proporciona aos consumidores digitais informações "direto da fonte".


Ao procurar pela cidade de São Paulo, já é possível encontrar
várias opções de hotéis das redes fundadoras
Mas em um mundo dominado por Expedia, Travelocity, Orbitz e priceline.com, não vai ser fácil se posicionar.


Scott Durchslag, ex-presidente do Expedia, disse: "Os hoteleiros são uma parceria muito melhor (em termos de altos custos) do que o Google entrar na batalha das reservas on-line". Mas a declaração não ficou sem resposta. O jornalista que fez essa entrevista completou: "Essa é uma manobra clássica. Vamos fazer os hotéis se juntarem a nós para combater a nova ameaça e depois nós tiramos o dinheiro deles, porque já vão achar que somos amigos". Adorei!

O Roomkey continua negociando com outras redes e hotéis independentes, mas nem todos compraram a ideia. A Starwood (empresa das marcas Sheraton e Westin) falou ao Wall Street Journal que estudou por vários meses a joint venture e declinou.
Além do receio de se queimar com os gigantes de viagens da web, as chances de diminuir o tráfego direto do seu site também é grande. Exemplo: o cliente que faz parte do seu clube de fidelidade não receberá ou resgatará pontos como costumava fazer nas reservas diretas no site.

Em um teste feito pelo jornal The Economist, o jornalista encontrou US$ 30 a menos no site Kayak do que na homepage do hotel. No entanto, o valor estava compatível no Roomkey.com, como era de se esperar. Portanto, se ele se mantiver confiável em sua precificação, deve ganhar pontos com o mercado e expandir.

O Roomkey está hoje disponível somente nos Estados Unidos, mas com expansão para outros países de língua inglesa até março, e pretende chegar a 80 mil hotéis até meados de 2012.

Mesmo com tantas opiniões contra e a favor, a ideia continua sendo sensacional e estarei torcendo para dar muito certo. Que desembarque rapidamente por aqui. O melhor comentário que li fazendo essa pesquisa foi: "O Roomkey é uma solução simples e positiva. Espero que se mantenha simples e positiva". Eu acrescentaria: "Que não seja tarde demais".

Com a vontade que os consumidores estão por novos canais de distribuição, é uma oportunidade única de os hotéis poderem controlar a experiência do processo de compra.


Em um mundo ideal, todas suas reservas viriam direto pela sua homepage (canal mais barato) e seus hóspedes (principalmente os de lazer) seriam fiéis, mas sei que os hotéis precisam hoje de vários canais de distribuição para alcançarem boas ocupação e receita por apartamento.

Portanto, a ideia desse artigo é simplesmente fazê-lo pensar mais profundamente na sua gestão de distribuição. Esse assunto está atrelado diretamente aos seus custos e seu faturamento. Vale a pena ficar atento às novidades e à movimentação mundial. 
Conecte-se!
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