segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Tendências e Nuances do Turismo de Luxo

Obrigada Alessandra Castro Leite e Fátima Gatoeiro pelo convite para ser articulista da edição Setembro/Outubro 2012 da HOTELNEWS.


A publicação original está mais abaixo.
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Tendências e Nuances do Turismo de Luxo

Para um número crescente de consumidores abastados, as experiências são mais importantes do que as posses. Compreender a mentalidade e mudança do consumo de luxo é crucial para os profissionais da area.
No Brasil, com o crescimento e acesso da classe media, o topo da pirâmide quer ainda mais diferenciação. O materialismo deu espaço ao experimentar, ao sentir. A viagem deve ter um significado, agregar algo na vida do viajante, conectá-lo com seus amigos, sua família, seu amor. As pessoas não são felizes com o que elas tem, mas com o que elas fazem, sentem, experimentam.
Hoje em dia, um hotel que deseja fidelizar o cliente de alto padrão, precisa ajudá-los a alcançar sua satisfação pessoal. A chave é encontrar maneiras de auxiliar o hóspede a olhar o mundo de uma maneira nova e diferente.
É preciso inovar com experiências inspiradoras,  que gerem retorno significativo de seu investimento. Em resumo, o turista quer voltar da sua viagem com uma nova perspectiva de si mesmo.
Não espere aquele hóspede passivo de anos atrás. Hoje, ele quer ser o ator das suas próprias experiências. Cursos de culinária, luxury campings, viagens com especialistas em algum assunto, vivência da cultura local, imersão na consciência ambiental. Muitas são as tendências.
Um estudo da Unity Marketing de abril de 2012 constatou que três a cada quatro viajantes de alto padrão preferem comprar uma experiência de luxo do um bem de luxo.
Veja algumas conslusões da pesquisa:
• Viajantes de alto padrão são altamente experimentais.
• Transformação é a sua meta.
• Memórias constroem conexões.
• O serviço extraordinário é parte da equação de luxo, Lembrando que qualidade já é commodity há muito tempo nesse segmento.
Outro estudo importante e recente sobre o assunto, trouxe as principais tendências do momento. O Luxe Virtuoso Report desse ano definiu a previsão de alguns dos viajantes mais sofisticados do mundo.
E a clientela Virtuoso demonstrou um forte desejo de explorar novos destinos.
Com relação ao comportamento de compra, as recomendações de amigos e familiares encabeçam as decisões de roteiros e hotéis, aliadas aos conselhos dos consultores de viagens. Sim, viajantes de alto padrão não dispensam um bom advisor de viagem.

"O viajante Virtuoso continua a procurar novos hotéis e destinos para visitar, ele quer o enriquecimento pessoal e experiências personalizadas a partir de suas viagens. Normalmente, o desejo provém da vontade de explorar novas terras, se reconectar com entes queridos e buscar novas aventuras.", diz o presidente e CEO da Virtuoso, Matthew D. Upchurch, CTC.

Conheça os principais resultados do Luxe Report 2012 da Virtuoso, em ordem:
  • Maiores tendências de viagem – família (viagens multi-geracionais), cruzeiros fluviais, aventura, cruzeiros e celebrações.
  • Maiores destinos emergentes – Cuba, Vietnã, Camboja, Belize e Ilhas Galápagos. No Brasil, podemos ressaltar Abrolhos, por exemplo.
  • Maiores destinos para família: Itália, Inglaterra, Costa Rica, Havaí e Turks & Caicos.
  • Destinos de cruzeiros – Mediterrâneo, Alasca, Caribe Rios Europeus e Ilhas Gregas
  • Escapadas Românticas – Itália, Polinésia Francesa, França, Bali e Seychelles.
  • Turismo de Aventura – África do Sul, Costa Rica, Ilhas Galápagos, Nova Zelândia e Austrália.

E porque as pessoas estão viajando em 2012?

1. Buscar experiências autênticas em novos destinos
2. Descanso e Relaxamento
3. Enriquecimento pessoal (por exemplo, voluntariado, a experiência cultural, aprendizagem, etc)
4. Passar o tempo ou se reconectar com os entes queridos
5. Descobrir novas experiências nos destinos visitados anteriormente (ou mais familiar)
6. Buscar aventura

Para finalizar, veja os critérios mais importantes para a escolha de um destino de férias:

1. Destino pré estabelecido há algum tempo
2. Possibilidade de ter a experiência da vida
3. Valor para o dinheiro pago
4. Preço
5. Atividades disponíveis

Definitivamente, um segmento em ascensão!

E no Brasil?
Bem, todos sabemos o quanto ainda temos que trabalhar em termos de infra estrutura e mão de obra qualificada. Mas a maior mudança deve ser cultural, é preciso entender que luxo não provém necessariamente do dinheiro, mas da experiência única que um lugar, um hotel, um momento, pode proporcionar a alguém durante uma viagem.
Seja um memory maker, torne-se especialista em criar momentos memoráveis para seus hóspedes. Esse é o caminho do sucesso nesse segmento.

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Abaixo a publicação original:


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O Novo Turismo e a Inspiração dos Amenities (REALMAG)

Prazer participar da primeira edição da Revista REALGEM'S e seus lindos amenities.


Mais abaixo você encontrará a publicação original. 
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O Novo Turismo e a Inspiração dos Amenities

O turismo mundial mudou, a forma de viajar expandiu e o turista atual deixou de ser contemplativo. No Brasil, o novo cenário econômico também mudou os hábitos (e o bolso) dos consumidores. Nos tornamos mais exigentes, mais informados, mais viajados, mais difíceis de surpreender.

No ultimo estudo da ILTM Ásia, “The Future of Luxury Travel, A Global Trends Report”, são descritos alguns tipos de viajantes que estão dispostos a gastar mais por uma experiência única de viagem:

 - Super ativo – independentes, clientes educados que procuram por férias ativas e uma autêntica experiência de viagem. Como seu tempo é precioso, eles rejeitam roteiros e atividades planejadas. Sua aspiração principal é de férias altamente personalizadas, independente do preço.

- Explorador - viajante disposto a pagar um preço alto em troca de umas férias fora do comum, em locais inóspitos, por exemplo. Lugares com aspectos religiosos, culturais e naturais relevantes também são exaltados por esse tipo de viajante.

- Aspirantes – desejam alto nível de qualidade e conforto. Dão atenção ao status social e são muito exigentes em termos de serviço. Eles são mais seguidores do que os pioneiros na escolha de destinos.

- Jovens - grandes usuários da internet que buscam incessantemente o melhor valor possível. Eles têm menos poder de compra do que a média do turista de luxo. Muitas vezes com duas rendas e sem filhos, eles podem viajar fora de temporada a preços atrativos. O comportamento típico deste tipo de cliente é de influência a todos viajantes de alto padrão, que estão se tornando cada vez mais conscientes nas suas viagens.

- Padrão – turista que pega um avião ou um cruzeiro de lazer para relaxar e mudar de ambiente. Mas esse escapismo, agora, deve vir recheado de experiências renovadoras, surpreendentes e, principalmente, personalizadas. O padrão está quase virando exceção.

E como surpreender esse novo viajante?

“Qualidade de serviços” é um conceito relativo, onde o juiz final é o cliente. A qualidade “percebida” não é o que você acha do seu negócio, da qualidade que está entregando ou do preço que está cobrando. O que o cliente percebe é o que vale. O que ele não percebe, ou não gosta, é desperdício de tempo e dinheiro.

Para o hóspede, a qualidade de um hotel está na percepção de qualidade que ele entende que recebeu versus a percepção do quanto ele pagou. Um conceito mais abrangente do conhecido “custo x benefício”.

E a sensação de generosidade faz parte desse valor percebido pelo hóspede.  E uma maneira de surpreender pode ser através de amenitites.

Se pararmos para pensar, o maior bem que um hotel pode ter não são os ativos tangíveis, mas seus clientes e o desejo que eles têm de se hospedar e continuar voltando.
A grande tendência tem a ver com a maior característica dos países emergentes, a autenticidade. Dar preferência para produtos locais, valorizar a cultura regional e sempre contar a história por trás daquele produto.

Melhor exemplo que ouvi nos últimos tempos: O Copacabana Palace oferece Biscoito Globo e Mate Leão aos hóspedes. São os amenities de maior sucesso no hotel. Como surpreender esse tipo de hóspede com um chocolate feito por uma Pâtisserie francesa ou água Perrier? Esse é o seu dia a dia.

Mas o detalhe vital nessa estratégia é a carta deixada ao lado do Biscoito e Mate explicando a importância desses produtos com a cultura local, a identidade do Rio de Janeiro. Genial!

Cada vez mais o marketing sensorial está tomando conta dos hotéis de luxo. Música,  aroma, cores...tudo contribui para despertar sensações de bem estar e conexão com o luxo nesse tipo de ambiente.
Só o que levamos de uma hospedagem são memórias, e nada mais forte do que investir na memória olfativa, auditiva, paladar, etc.

E vamos parar com esse negócio de “sua casa for a de casa”. Nada substitui a nossa casa e, se estamos pagando por uma diária, queremos algo (muito) além do que temos em casa.
Quando saímos dos hotéis econômicos e nos aproximamos dos hotéis de mais alto padrão, a expectativa dos clientes transcende localização (19%), limpeza (43%) e segurança (11%), os 3 principais itens para a tomada de decisão. Preço ficou com 23% e os outros 4% com itens menores como café da manhã ou wi-fi.
Esse tipo de hóspede está comprando conforto, ele quer “ser cuidado”, “mimado”, sentir que é especial, único.

Os amenities podem agregar valor ao hotel, minimizar a sensação de desagrado caso algum serviço não esteja 100% e criar o famoso efeito “UAU”.
Amenities que surpreendem, relaxam, reforçam a mensagem “você é importante para nós”, passa a sensação de “nós nos importamos”.

Em hotéis de categorias mais altas, eles podem ser utilizados como uma “validação” do hotel como alto padrão, pois reforçam a percepção de luxo.

A falta deles pode ser um decisor, pois normalmente os amenities “memoráveis” são conhecidos após o check in. Eles devem ser experimentados junto com toda a experiência da hospedagem, devem complementar o ambiente, se adequar ao posicionamento da marca, etc.

Há algum tempo, os hoteleiros já entenderam as preferências dos hóspedes e vem se adaptando:
* Pisos frios ou de madeira ao invés de carpete.
* A cor branca predominando em enxovais de cama e banho.
* Edredons ao invés de cobertores.
Tudo isso remete a uma sensação de limpeza e cuidado. Tudo, claro, com a sustentabilidade permeando todas as etapas de produção e manutenção.

No quesito “mimos”, nos surpreendemos todos os dias.
Bolsas de água quente  para esperar oa hóspedes depois de uma longa viagem.
·     Esculturas de chocolate com o nome do hóspede
·   Além da abertura de cama, a abertura de banho se tornou um momento memorável. O hóspede recebe opções de 10 tipos de sabonetes naturais, 4 ou 5 tipos de esponjas (fios orgânicos) e vários sais de banho. Tudo servido em uma linda bandeja.
·      iPad que controla desde o ar condicionado, TV e cortinas, até os pedidos de room service e mostra a câmera na porta do quarto e no Concierge (quando alguém procura pelo hóspede).
·      Telefone sem fio que o hóspede pode usar por todo o hotel. Em alguns lugares, que pode usar (sem cobrança) por toda a cidade, enquanto estiver hospedado.
·      Madeiras aromáticas para acender a lareira.
·      E tantos outros itens incríveis.
Mas o principal dos amenities é a personalização. Nada pior do que oferecer flores aos alérgicos ou uma cara champagne para alguém que não bebe nada alcoólico. Esse tipo de atitude só perde para as mensagens impressas e sem assinatura de quem enviou. Nada supera um bilhete escrito à mão para desejar boas vindas aos hóspedes.

Qualidade de serviços está intimamente ligada a emoções e sensações. Afinal, é assim que percebemos o mundo, através dos nossos sentidos. Um hotel que não mede esforços para criar “memórias” merece sua atenção. Garanto que as surpresas serão agradáveis!

Seja exigente com seus fornecedores, trate-os como parceiros, selecione marcas adequadas ao seu posicionamento e proporcione uma coleção de boas memórias aos seus hóspedes!


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Segue abaixo a publicação original...




quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Porque alguns produtos de luxo custam tão caro?


Quando se trata de qualidade, estilo e design, bens de luxo não tem limites. 
Muitas pessoas conectam o mercado de alto padrão com preço alto. Mas a disposição para pagar caro tem uma explicação. 

Talvez seja a maneira artesanal que o produto é produzido, uma edição limitada, ou a inclusão de um tecido ou jóia de alto valor.

Seja qual for a razão, alguns consumidores parecem não se importar. As vendas de luxo estão em alta no mundo todo. Na verdade, a demanda por produtos de luxo tem crescido a dois dígitos desde o fim de 2009, de acordo com a Bain & Company. 


Veja abaixo a explicação de designers, fabricantes e especialistas para justificar os preços nas nuvens de alguns produtos.

1) Camisa Turnbull and Asser
Preço: de U$ 295 à U$ 395

Essas camisas são feitas à mão na Inglaterra. As camisas são projetados a partir de 36 peças de tecido, e  passam por 17 mãos de qualidade artesanal. Além disso,  botões de madrepérola, cultivados por sete anos, adornam as camisas.

Se quiser os modelos mais sofisticados, o valor já sobe de U$ 360 à U$ 590. Mas a compra deve ser, no mínimo, de seis camisas.




2) Sapato Manolo Blahnik "BB" Pump Snakeskin (Couro de Cobra)
Preço U$ 865

A empresa diz que esses sapatos são 98% feitos à mão, com alguns dos melhores couros de cobra. Além disso, o designer Manolo Blahnik estudou a arte de elaborar saltos para que  as mulheres se sintam confortáveis ​​ao andar, mantendo-se equilibrada. Todos os componentes são escolhidos pessoalmente por Manolo Blahnik.




3) Sapatos John Lobb William Couro "Monk-Strap"
Preço: U$ 1.110

Todos os sapatos John Lobb são feitos à mão, em Northampton, Inglaterra, desde 1849. Eles também são feitos de maneira tradicional, com 190 etapas e várias semanas envolvidos na produção.

John Lobb também diz que os sapatos podem ter as solas facilmente removidas, e substituídas. Ou seja, os sapatos vão durar para frente. 
Outra razão que seus sapatos tem um preço salgado? 
Exclusividade: Você só pode comprá-lo on-line em www.mrporter.com



4) Sapatos Christian Louboutin "Mikaraja"
Preço: U$ 2.095

Christian Louboutin diz que este sapato de noite tornou-se um dos favoritos dos editores de moda, artistas e do próprio Sr. Louboutin. Os sapatos são projetados com bordados indianos.  
"The House of Lesage", hoje atelier de Louboutin, existe desde 1924.

Christian Louboutin também diz que essas bordas bordadas à mão com contas, foram criados por Jean-François Lesage, do bordador mestre, François Lesage.




5) Bolsa Valentino "Demetra" Alligator Satchel (Couro de Crocodilo)
Preço: U$ 19.500

Existem apenas 3 dessas bolsas. Essa edição super limitada foi criada em 3 cores: vermelho, verde e preto.
As alças e zíper são trançados por um mestre artesão do Atelier Valentino, na Itália.

Bergdorf Goodman também diz que a bolsa é construída à mão. 
Uma versão menor de bolsas está disponível, também em edição limitada (somente em verde ou preto) por U$ 15.400.


6) Ralph Lauren Bag Weekend (Couro de Jacaré)
Preço: U$ 24.000

Ralph Lauren diz que esta bolsa exótica é 100% couro de jacaré e feita na Itália. Ele também comenta que captou o "espírito americano" e sugere seu uso para finais de semana.

7) Ferrari 458 Spider
Preço: U$ 257.412

Motor traseiro e topo de alumínio totalmente retrátil são algumas das características da Ferrari Spider. Recentemente, a empresa criou um serviço para os clientes construírem sua Ferrari dos sonhos, de dentro para fora.

O "Programa sob medida Ferrari" oferece aos clientes uma ampla gama de acabamentos exclusivos e cores. Cada carro é entregue completamente original. Por exemplo, você pode personalizar seus assentos com estofados de cashmere italiano. A Ferrari 458 Spider atinge de 0 à 60 mph em menos  3,4 segundos e tem uma velocidade máxima de 200 mph.


8) Neiman Marcus edição 2012 Ferrari FF
Preço: U$ 395.000

Mesmo com preço de seis dígitos, esse super carro esportivo de luxo esgotou em 50 minutos. 
Apenas 10 modelos foram feitos exclusivamente para a loja high end de Neiman Marcus Christmas Book. Além disso, os compradores ganham uma experiência em Aspen, Colorado

O FF salta de 0 à 60 mhp em menos de 3,7 segundos e atinge a velocidade máxima de  200 mph. 
Obs.: O cão da foto não está incluído no pacote.


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Outlets de Luxo
O Novo Mundo do Luxo
O Processo de Compra no Luxo

terça-feira, 2 de outubro de 2012

A Neurociência e o Marketing


Esse meu artigo também foi publicado no Hôtelier News. Clique Aqui.
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“Em um futuro próximo, o papel do especialista em marketing ficará obsoleto e dará lugar à prática de psicólogos e cientistas”.
Essa afirmação foi dita recentemente por um dos profissionais mais reconhecidos de Neuromarketing do mundo, Martin Lindstrom.
Além de fã do autor, estudo o assunto desde 2009, ano em que a Times Magazine considerou Lindstrom uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, e quando comecei a desenvolver os treinamentos que aplico hoje sobre Vendas Emocionais.
A Neurociência foi a base, pois tudo faz sentido quando compreendemos a premissa – já comprovada cientificamente – do Neuromarketing: A maioria das decisões de consumo responde às emoções e não à razão.
Não acredita?
Então conheça os resultados de algumas pesquisas sobre o assunto:
- Metade de um grupo de pessoas recebe um controle remoto pesado, e a outra metade, um leve. Quem recebe o “leve” acha que ele está estragado.
- Um carro é oferecido de presente, exatamente igual – mesma marca, acessórios, ano -, mas é preciso escolher entre um feito na Turquia e outro na Suíça. Adivinha qual foi o escolhido?
- Em lojas onde a música é mais rápida que as batidas do coração, consumidores compram mais rápido e menos. Onde se ouve música lenta e agradável, o consumo aumenta 15%.
- Uma embalagem de maionese dietética em frasco grande e redondo é um fracasso. Entretanto, quando vendido em um frasco mais comprido e “acinturado”, ocorre uma explosão de vendas, principalmente entre as mulheres.
- O cérebro não pode focar em mais de uma tarefa ao mesmo tempo, porque é um processador sequencial. Quem faz isso – os famosos multitarefas – só parece ser mais eficiente, mas demora 50% mais tempo para fazer as coisas e comete quatro vezes mais erros que as pessoas que realizam uma tarefa por vez.
- Participantes que experimentam o mesmo vinho, mas são informados que um custa R$ 10 e outro R$ 90. Como resultado, a bebida mais cara é considerada mais saborosa.
Bem, poderia ficar aqui descrevendo casos indefinidamente. Este assunto me inspirou no artigoSeu Hotel Vende Emoção?, publicado em 2010, aqui no Hôtelier News.
E você? Ainda acha que decidimos nossas compras de maneira racional?
Vamos então entender melhor o assunto.
A Neurociência surgiu na segunda metade do século 20. Ela analisa o sistema nervoso: estrutura, desenvolvimento, funcionamento, evolução, relação com o comportamento e a mente – e também suas alterações.
Já o Neuromarketing ganhou força com um estudo entre as gigantes dos refrigerantes. A Baylor College of Medicine, Faculdade de Medicina de Houston, resolveu avaliar por que as pessoas preferiam Coca-Cola à Pepsi. Ficou clara a estreita relação entre o prazer gerado pela bebida e a influência e força de uma marca. Efeito direto sobre as escolhas do consumidor. Com essa pesquisa, o assunto “estourou” nos EUA.
Agora fica ainda mais claro o motivo pelo qual grandes marcas continuam investindo milhões de dólares em campanhas promocionais.
A ideia é simples: mapear o cérebro para descobrirmos como ocorre o processo de escolha (compra) em relação ao consumidor.
O processo de pesquisa também: novos produtos, propaganda e embalagens são expostos a pessoas que têm seu cérebro monitorado por uma máquina de ressonância magnética ao mesmo tempo. Assim, é possível monitorar as sinapses que acontecem de acordo com a imagem visualizada, o que realmente tem efeito ou não.
O livro Buyology, lançado em 2008 por Martin Lindstrom, explica em detalhes o que há por trás dos estudos de Neuromarketing, que revelam que é preciso menos de 2,5 segundos para que um consumidor tome a decisão de compra.
No Brasil, a Universidade Mackenzie apresentou um estudo feito com diretores financeiros de empresas de tecnologia. Mesmo contrariando probabilidades, a Neurociência comprovou sua teoria: nem eles definem metas com base em critérios totalmente racionais.
Nosso País ainda está engatinhando no Neuromarketing, mas já encontramos o assunto nas pautas de eventos de gestão e currículos de grandes universidades.
Brevemente, começaremos a ver mais recursos sendo usados em:
- Pesquisas com base em imagens e conexões cerebrais/emocionais (que ganham espaço por serem mais confiáveis do que os métodos tradicionais de pesquisa – que são inconsistentes).
- Acompanhamento em tempo real da reação dos consumidores a cada cena exibida em um filme publicitário.
- Desenvolvimento de produtos aprimorados esteticamente a partir da avaliação da percepção dos consumidores.
- Rastreamento ocular, usado principalmente no aprimoramento da navegabilidade de web sites.
(imagem: www.neurobusiness.com.br)
Como profissionais de Vendas e Marketing, utilizamos essa premissa em nosso dia a dia, mesmo de forma intuitiva. O importante é vender o “conceito” do produto, e não o produto em si.
Como clientes, muitas vezes tomamos um “atalho cognitivo”, ou seja, escolhemos a marca de maior reputação, mesmo que essa não tenha sido a melhor decisão. Isso faz parte da Psicologia Cognitiva Clássica (estudo dos processos mentais que estão por trás do comportamento).
Isso significa que os estímulos chegam e devem “bater” com alguma coisa que já conhecemos. Sem isso, não prestamos atenção. A não ser que nos tire do processo de automatização em que vivemos.
Vamos a um exemplo prático. Em um jogo de azar, realizado por uma universidade americana para estudar o assunto, uma pessoa autista (déficit de emoção) ganhou de outra sem esse déficit, pois, a longo prazo, quem se deixa influenciar menos por emoções, sai ganhando.
Entretanto, não há como aplicar essa experiência 100% no mundo corporativo. Em um ambiente de negócios competitivo como o nosso, não há como ganhar sem arriscar de vez em quando.
Mas fica claro que, quanto mais emocionais – e todos somos -, mais influenciáveis – e vulneráveis – nos tornamos.
A promessa do Neuromarketing é fornecer uma visão sem precedentes da mente do consumidor. E isso resulta em:
- Aumento das vendas;
- Geração de preferência por certas marcas;
- Intervir na fase de desenvolvimento dos produtos;
- Testar conceitos com rapidez e eliminar os que não são promissores;
- Fazer com que o consumidor se comporte do jeito que as empresas querem que ele se comporte.
Mas o Neuromarketing também tem seus opositores. Muitos dizem que a atividade pode causar danos, especialmente em crianças. Além disso, alegam que essa técnica – também chamada de “lavagem cerebral” – pode extrapolar a utilização comercial e alcançar a propaganda de cunho ideológico e segregatório, contribuindo ainda mais para o acirramento de confrontos étnicos e políticos. Bem, como tudo na vida, isso depende do objetivo com que você utiliza seu conhecimento.
Importante é deixar claro que o ser humano não pode ser delimitado como um robô, definido por sinapses cerebrais. Emoções e contexto sócio-cultural fazem parte de nossas decisões.
Entender a conexão emocional do cliente com sua marca é vital nesse novo mundo, e a Neurociência estará cada vez mais presente nos estudos sobre comportamento do consumidor.
E o marketing do seu hotel?
Você trabalha com pesquisas de mercado? Entende o comportamento de compra do seu cliente? Sabe qual o valor proporcionado aos seus hóspedes?
Não? Então comece já! Quando o Neuromarketing sair das multinacionais e tomar o mercado de maneira mais estruturada, você já deve ter feito, no mínimo, a lição de casa.
Aprimore-se no assunto! Acredite, você vai se surpreender com a complexidade de nosso cérebro!
Para saber mais sobre o assunto:
Dr. David Lewis, que se intitula o Pioneiro do NeuroMarketing – em inglês
* Blog Neuroscience Marketing
* Livro A Lógica do Consumo – Verdades e Mentiras sobre por que Compramos. Versão brasileira do “Buyology” de Martin Lindstrom, Considerado a maior pesquisa sobre Neuromarketing já realizada até o momento.