quinta-feira, 16 de maio de 2013

O Luxo Responsável

Esse meu artigo também foi publicado na Revista Hotelnews de Maio/Junho/2013. 
Leia AQUI.
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Ainda há muitas perguntas sobre a coexistência dos hotéis e a sustentabilidade.

Quantos amenities” resultam em desperdícios diários?
Qual o volume de água a cada lavagem dos 5 travesseiros das suítes?
E as reposições dos kits de costura, kit dental, xampus, sabonetes, tocas de banho, etc?
Isso sem falar nos devoradores de energia dos apartamentos, ainda mais com as novas automações.

Mas como imaginar um hotel de luxo sem esses itens? Onde ficaria a tal “experiência” do hóspede?
Seguindo esse raciocínio, somos levados à questão: Como ser sustentável sem comprometer o Luxo?

Nos últimos anos, pesquisas demonstram que o novo viajante sofisticado está naturalmente mais envolvido com questões de responsabilidade ambiental e social, tanto em casa quanto no trabalho. Essa tendência de estilo de vida vem afetando o turismo mundial. As pessoas querem saber que seu dinheiro não está sendo gasto somente em lençóis de linho egípcio, mas também se está contribuindo para a comunidade e a natureza onde o hotel se encontra.

Para atender essa nova exigência do mercado, os hotéis estão cada vez mais auto-suficientes, e investindo em projetos conscientes. Esse processo está sendo chamado de Eco Luxe, e tende a ganhar cada vez mais dimensão no mundo das viagens de luxo daqui para frente.

Hoje em dia, as penas de ganso que forram o colchão pode ser uma dor de cabeça para os hotéis. A mínima possibilidade de maltrato com animais ou prejuízo para a natureza pode acarretar um prejuízo para a imagem da marca.
A empresa Americana Coco Mat, que produz colchões, travesseiros, camas e móveis, já entendeu a tendência, e deixa claro na sua comunicação que utiliza apenas matérias-primas 100% naturais ou renováveis. Seus colchões, por exemplo, são recheados de linho, algodão, lã, penas de ganso já caídas e até crina de cavalo. Tudo revestido com tecido feito a base de fibra de côco. Nada leva metal e a madeira usada no mobiliário ou é certificada, ou recuperada na natureza, de troncos naturalmente derrubados. Reparou na preocupação em explicar cada detalhe?
O mesmo movimento vai exigir dos hotéis uma atenção redobrada na sua comunicação.

O Ritz Carlton de Charlotte, na Carolina do Norte/EUA, seguiu as normas do  LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), sistema de certificação e orientação ambiental para projetos, e saiu na frente de maneira muito criativa. O jardim no terraço do topo do prédio conta com colméias para a produção de mel e polinização das flores nos arredores do hotel. Foram “contratadas” 60 mil abelhas.
Como no jardim estão plantadas ervas usadas na cozinha do hotel, como a lavanda, a idéia é que o mel ganhe aromas diferenciados.
Todo mundo sai ganhando com o projeto.

Foto: Terraço do Ritz Carlton Charlotte (Carolina do Norte/EUA).

Uma das barreiras no caminho dos projetos sustentáveis é o alto custo, mas pensar “fora da caixa” pode criar associações positivas com sua marca sem esvaziar o cofre.

Exemplo disso é o Casa Grande, no Guarujá/SP, primeiro hotel do Brasil a ingressar no Green Hotels Association, entidade que incentiva práticas conscientes aos seus associados. Eles entenderam que adotar uma postura verde é simples e pode começar com pequenos passos.

Além do trivial, como coleta seletiva de lixo, consumo racional de energia e água, chuveiros conscientes nas suítes (que reduziram o gasto em 20%) e lâmpadas mini-fluorescentes, a novidade ficou por conta do Projeto Plantar.
Os filhos dos hóspedes (crianças de 3 à 13 anos) plantam mudas nos vasos do hotel que, após germinarem, são doadas à ações de replantio de árvores no próprio município.
Um tempo depois, a criança recebe por email um aviso para onde a planta foi encaminhada, já batizada com seu nome, e a convidam para uma visita.

Em resumo, mais do que o aviso sobre a lavagem das toalhas no banheiro, a maneira de pensar de uma marca é o que inspira.
E a inspiração deve estar conectada com a cultura organizacional.
Portanto, a questão aqui é simplesmente entender como alinhar ações com os valores da sua marca.

Lembre-se, postura sustentável, em breve, não será mais alternativa, mas critério para decisão de compra, item básico para o sucesso do seu negócio.

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